Mario Party 8


Originalmente publicado na Revista NGamer, número 1

Você certamente já ouviu a expressão "arroz-de-festa". Mas não pense que nosso amigo Mario é um desses caras chatos e inconvenientes, chamados assim por serem figurinhas garantidas em tudo que é festa e que geralmente atormentam os outros convivas quando passam do limite de tanto festejar. O Mario não! Ao chegar ao oitavo game (sem contar um título de GBA e outro de e-reader), a série mais numerosa que leva o nome do personagem continua dançando bonito no salão; e ao contrário de outros arroz-de-festa que conhecemos, não dá vexame no baile.

Mario, o maior anfitrião dos videogames, leva a turma toda para se esbaldar em um novo endereço, o Wii. Logo que a Nintendo revelou como funcionaria seu novo console, muita gente já começou a imaginar como Mario Party ficaria nesse mundo de realidade virtual. Hoje, com menos de um ano de vida, a nova geração Nintendo dá as boas-vindas à série e nós podemos ver que Mario Party 8 é exatamente aquilo que imaginávamos: doentemente divertido, ainda que prisioneiro de uma fórmula que é praticamente a mesma desde o início da série e que acaba por limitar a vida útil do game para quem já é habitué dessa festança.

Busca pelo estrelato
Quem nunca jogou Banco Imobiliário, Detetive e outros jogos de tabuleiro tradicionais, perdeu uma parte da infância. Como a Nintendo sabe que a turma que curte os jogos eletrônicos não dá muita bola pra esse negócio de infância perdida e prefere passar, se possível, a vida toda na frente do videogame, a saída foi levar a brincadeira do tabuleiro para o videogame. E lá se vão quase oito anos desde que o primeiro Mario Party foi lançado.

Se você jogou algum game anterior da série, já sabe o que esperar: o bigodudo e seus amigos (e alguns nem tanto) correm atrás uns dos outros em tabuleiros de jogo, disputando moedas, estrelas e o título de "Superstar". Entre uma rodada e outra, minigames; mas sobre esses nós vamos comentar mais à frente.

O modo principal de jogo, que destrava o último tabuleiro e mais alguns personagens, chama-se Star Battle e deve ser jogado por apenas um jogador. E ele tem até o Bowser como chefe final para apimentar as coisas. Mas todo o resto pode, e deve, ser proveitado por dois ou mais jogadores. Essa é a verdadeira curtição da série: reunir a turma toda para dar boas risadas com os joguinhos curtos e simples.

Os tabuleiros vão um pouco além das costumeiras voltas pelo ambiente de jogo. No Koopa´s Tycoon Town, por exemplo, os jogadores brincam de investidores. O objetivo é comprar hotéis e investir cada vez mais grana neles. Quanto maior a quantidade de moedas depositadas, maior o número de estrelas que esse hotel vai gerar. E qualquer jogador pode tomar o hotel de outro a qualquer momento, basta ter o número de moedas exigido. No tabuleiro do fantasma Boo, nunca se sabe onde o personagem está escondido; a fase é um labirinto de múltiplos caminhos e metade da diversão está em escolher a rota correta para chegar ao personagem e à estrela. Já nos domínios do Bowser, prevalece a inversão de valores: todos os jogadores começam com um número determinado de estrelas e têm o objetivo de subtrair as riquezas dos outros.
Para ajudar nas tarefas e complicar a vida dos adversários, doces podem ser encontrados ou então comprados em lojinhas (uma delas tem o sugestivo nome de "decadência dental"). Seus efeitos são bem variados, como roubar moedas, jogar dois ou três dados, pular para a casa de outro jogador etc. O segredo é saber usar esses itens no momento certo, pois eles podem representar uma virada completa na partida.

E para quem não tem saco de ficar dando voltas e mais voltas em um tabuleiro, existe a Minigame Tent, na qual é possível experimentar diferentes tipos de partidas só com minigames. Isso sem falar na Extras Zone, uma opção com jogos diferentes daqueles existentes nos outros modos de jogo e que inclusive podem ser protagonizados pelos Miis que você tiver no console ou no controle. Como sempre, todas as partidas de quaisquer modos garantem pontos que podem ser trocados no bazar por bônus como cards, itens para compor uma espécie de desfile e até novos joguinhos, alguns inexistentes em outros modos de jogo.

Movimentos mil
Como não poderia deixar de ser, o maior atrativo de MP8 é jogar os minigames com toda a gama de movimentos que o Wii Remote permite. Por si só, eles já são engraçados, mas a graça fica ainda maior quando você vê aquela sua tia que sofre de artrite balançar freneticamente o braço para jogar a espuma do refrigerante mais alto do que você.

Alguns desses jogos são até bem parecidos com outros de títulos anteriores da série, mas o fato de funcionarem de uma forma diferente garante o ineditismo da coisa. Você pode usar o Remote de maneiras variadas, dependendo do objetivo a ser atingido. Em Swing Kings, por exemplo, Shy Guy fica lançando bolas e você deve rebatê-las como se estivesse segurando um taco de beisebol. Só fique esperto porque o pilantra gosta de jogar as bolas sem parar e em diferentes alturas. Para provar que são de circo, os jogadores devem cruzar um precipício em cima de uma corda bamba no minigame Treacherous Tightrope, um dos mais bem bolados do pacote. O controle funciona como se fosse aquela vara que os equilibristas usam: balançando para os lados, o jogador mantém o equilíbrio; inclinando para frente e para trás, a corda é avançada centímetro por centímetro. E também há jogos que não necessitam de movimentos tresloucados, bastando utilizar o controle de lado e apertar os botões de maneira tradicional.
Para quem anda meio ressacado de toda essa história de festa e tabuleiros, não existem novidades aqui a não ser o uso do Wii Remote. Mas não há como negar que o jogo é divertido pra chuchu, principalmente para quem é iniciante na série.

Visual: 5
A série abandonou o GC, mas os gráficos não. Tirando alguns efeitos 3D, o visual é todo velha geração.

Áudio: 6
Algumas músicas grudam no ouvido como velhos clássicos, outras são esquecidas depois de cinco minutos.

Jogabilidade: 7
Objetivos aumentam o interesse e o alto número de minigames resulta em opções para toda a família.

Inovação: 5
Se não fosse Wii Remote, dava para substituir o 8 por qualquer número abaixo dele que ninguém iria notar.

Resumo:
Mesmo com toda a repetição, você só não se diverte com Mario Party se for muito ranzinza.
FICHA:
Publicado por: Nintendo
Desenvolvido por: Hudson Soft
Gênero: Puzzle

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